sexta-feira, 29 de abril de 2011

Inacabado.

Entre chorar e sorrir,
Desafinado pranto.
Girando os mundos, vou ficando sem tom.
Sou de todo inacabado, e vivo.
Sou carente de dor, e sofro.
Não me orgulho de nada que se “deixa estar”, e deixo.

Já vendi minha jangada, já não fiz as pazes com o mar.
Aprendi a ser sincera, tudo em turbilhão
Minha recompensa nem será quimera, nem furacão.
Se me veres ao longe, não ouses perto chegar.
Dentro de mim um ciclo, infindável, cansado,
com vontade de começar.

Do largo ao estreito,
Da chuva à seca.
Do vento ao calor
Da discórdia, o amor.
Do barulho à dor
Da jangada vendida, do mar em movimento reside a minha inexatidão, de querer ser.

“E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
(...)
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor.”



Viviane Pereira

3 comentários:

  1. Incrível, essa coisa do querer é demais, queremos tudo o sim e o não em braços dados!

    "já não fiz as pazes com o mar"

    O já e o não um paradoxo perfeito!

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